O início de uma semana, e para começar com inspiração - quem disse que as segundas feiras não são fáceis?!! - paisagens inspiradoras com um poema de um conhecido escritor nascido na esplendorosa ilha da Terceira: Vitorino Nemésio. Nascido em 1901 na Praia da Vitória, para além de poeta e biógrafo, Vitorino Nemésio foi, entre outras actividades, jornalista, investigador, exercendo ainda funções como docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Na Marina de Angra do Heroísmo as nuvens desafiam o sol tímido.
Que Bem Sabe o Amor Constante
Até no carro te canto,
Fala a fala, seio a seio,
Espantado de um encanto
Que mais parece receio
De te perder à partida
Pra te ganhar à chegada,
Pois tu és a minha vida
Na ida e volta arriscada.
Vai o Godinho ao volante
Com seu ar de conde antigo
Que bem sabe o amor constante
Que me aparelha contigo.
Poupado na gasolina,
Discreto na confidência,
Navegador à bolina
Dos rumos da nossa ausência.
Leva-me à Embaixada, ao almoço:
Travou, mas não sei que tenho:
Um resto de ardor de moço
Contigo no meu canhenho.
Vitorino Nemésio, in "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga"
Fala a fala, seio a seio,
Espantado de um encanto
Que mais parece receio
De te perder à partida
Pra te ganhar à chegada,
Pois tu és a minha vida
Na ida e volta arriscada.
Vai o Godinho ao volante
Com seu ar de conde antigo
Que bem sabe o amor constante
Que me aparelha contigo.
Poupado na gasolina,
Discreto na confidência,
Navegador à bolina
Dos rumos da nossa ausência.
Leva-me à Embaixada, ao almoço:
Travou, mas não sei que tenho:
Um resto de ardor de moço
Contigo no meu canhenho.
Vitorino Nemésio, in "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga"
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