quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O SOPRO DE TRANQUILIDADE DO POEMA

 
Uma pausa para um poema é um sopro de tranquilidade. Uma pausa ajuda a desvanecer a tensão e o turbilhão de ideias que nos assolam, tantas vezes, a uma velocidade frenética.
 
 Pausa .... para um sopro de tranquilidade com um poema de uma grande poetiza, açoriana, nascida a 13 de setembro de 1923 na Fajã de Baixo (Ponta Delgada - S. Miguel) ... Natália Correia.
 
Abre a janela e descobre o poema ....

 
Foto: Margarida Rebelo
 
 
O Poema
 
"O poema não é o canto
que do grilo para a rosa cresce.
O poema é o grilo
é a rosa
e é aquilo que cresce.

É o pensamento que exclui
uma determinação
na fonte donde ele flui
e naquilo que descreve.
O poema é o que no homem
para lá do homem se atreve.

Os acontecimentos são pedras
e a poesia transcendê-las
na já longínqua noção
de descrevê-las.

E essa própria noção é só
uma saudade que se desvanece
na poesia. Pura intenção
de cantar o que não conhece."
______
Natália Correia, in "Poemas (1955)"