quarta-feira, 2 de julho de 2014

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

A  trasladação do corpo Sophia de Mello Breyner para o Panteão Nacional
realiza-se hoje, dez anos após a sua morte, uma homenagem à escritora e poetisa de notáveis qualidades cívicas e humanas.
 
 
Condecorada três vezes pela República Portuguesa, recebeu diversos prémios nacionais e internacionais. Dedicou-se ainda à literatura infantil e juvenil, destacando-se, nomeadamente, “A menina do mar”,  “A Fada Oriana”, "A noite de Natal", “O Cavaleiro da Dinamarca”. Obras que me fazem lembrar as aulas de português, quando depois da professora terminar a leitura ficava a magia e o encantamento.  
 
 
                                             A FORMA JUSTA
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto

Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo

Sophia de Mello Breyner Andresen, in "O Nome das Coisas"
 
Em 1977, com a obra "O nome das coisas”, Sophia Breyner foi agraciada com o Prémio Teixeira de Pascoaes.
 

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